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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Genocídio e tragédia anunciada contra o povo Munduruku: mandante Dilma Roussef

 
Denúncia Encaminhada ao Planalto/Funai/Ministério Público-ref.Etnia Munduruku

https://www.facebook.com/notes/504439852924501/


 
Fonte: Internet


 
Por esta carta, eu, Cacique Raoni Metuktire, líder do povo Mebengokre (Kayapó), gostaria de apoiar os Munduruku e os outros povos indígenas e ribeirinhos empenhados na luta contra as hidrelétricas Teles Pires e Tapajós e, especialmente, a caravana que eles organizam nos dias 26 e 27 de Novembro pelo rio Tapajós.
Desde sempre venho lutando não só para o meu povo como também para todos os povos indí...
genas da Amazônia, para que possamos viver em paz sem problemas em nossa terra. Hoje, após tantos anos de luta, somos ainda obrigados a lutar porque eles estão destruindo nossas florestas, estão destruindo nossos rios sem os quais não podemos sobreviver. Estes rios são o sangue de nossas veias, sem eles a terra e os animais vão morrer, e nós com eles.
Estou muito preocupado com meus irmãos Munduruku e com os outros povos indígenas e ribeirinhos dos rios Tapajós e Teles Pires. Se o governo realizar seu projeto de destruição, estes povos vão morrer. Por causa das barragens, os peixes não poderão mais subir o rio para se reproduzirem. A floresta será alagada e apodrecerá, a água se tornará tóxica para os peixes e os homens. A atividade em torno das barragens acabará com a floresta e não terá mais caça. A pesca e a caça tradicionais que alimentam essa população não serão mais possíveis. Os mosquitos proliferarão por causa da água parada dos reservatórios, e aqueles que não terão deixado suas terras serão obrigados a fugirem para escapar da malaria.
O governo continua desrespeitando nosso direito à consulta prévia, livre e informada. Ele usa o terror para incentivar nossos irmãos Munduruku a deixarem suas terras. É por isso que a policia federal assassinou um deles en frente à sua familia na sua própria aldeia Teles Pires. O governo se gaba de seus programas de compensação elaborados com as empresas construtoras das barragens. Estes programas são impostos pela força, a intimidação, as ameaças e a chantagem. É a vida de um povo contra um pedaço de papel no qual constam algumas promessas. Mas as promessas são logo esquecidas. A existência destes programas e a violência usada para impo-los comprovam que quem constrói estas barragens sabe que nossas vidas são destruídas. Nunca se poderá compensar o que é tirado dos povos indígenas expulsos de suas terras. Um índio é rico de sua cultura. Na cidade, o índio não é mais ninguém, ele se torna mais pobre que o pobre. Ele tem de aceitar os trabalhos humilhantes para sobreviver. Logo, ele perde sua língua, suas tradições. Ele perde sua dignidade, seu orgulho de ser índio. Ele se torna assistido. O coração partido por ter perdido sua vida, sem futuro possível, muitos escolhem o álcool, a droga, o suicídio como escapatória. Arrancar os povos indígenas de suas terras é praticar o genocídio. Estes programas de compensação são uma afronta. Todo o dinheiro do mundo não basta para pagar a dívida que aqueles que querem construir estas barragens à força contraem com os povos indígenas.
Já viajei pelo mundo inteiro. Em todos as partes, expliquei que estes rios e esta floresta pelos quais lutamos são importantes para todos nós, sem exceção. Aqui se decide o futuro do Homem, quer seja ele branco, preto, amarelo ou indígena. Estou muito preocupado, porque vejo que o mundo está demorando a entender, está demorando para acordar. Hoje, estamos mais do que nunca ameaçados pelos projetos de desenvolvimento do governo da presidente Dilma Rousseff. Precisamos do apoio da comunidade internacional e dos cidadãos do mundo inteiro. Amanhã será tarde demais, não só para nós, mas também para todos aqueles a quem pedimos hoje ajuda.
O mundo deve exercer pressão no governo brasileiro para que ele pare a violação dos direitos dos povos indígenas em suas terras. Nós, povos indígenas do Brasil, há 514 anos que estamos sendo liquidados de forma lenta, despojados de nossas terras.
O mundo deve exercer pressão no governo brasileiro para que as terras indígenas sejam rapidamente demarcadas. É somente assim que poderemos proteger eficazmente a floresta.
O mundo deve exercer pressão nas multinacionais que participam da destruição do nosso meio ambiente vital obrigando-as a não mais cooperar com os projetos destrutores elaborados pelo governo brasileiro. Na Europa, acompanhado por meu sobrinho Megaron Txucarramae, denunciei energicamente a participação de empresas hidrelétricas francesas, alemãs e holandesas. Chamei a atenção dos deputados franceses e do presidente da Assembleia Nacional desse país sobre o vergonhoso envolvimento da EDF (uma empresa com 84% de participação estatal), na construção da barragem de Sinop, e sobre a manifesta disposição da empresa GDF-Suez de participar do leilão para construir as futuras barragens no rio Tapajós.
Sabemos que nossa luta é mundial, que somente com apoio planetário poderemos reverter a situação, poderemos evitar a morte desse pulmão do planeta, a nossa bela floresta amazônica. Só unidos poderemos salvar nossos rios, nossas florestas, nosso planeta.
Eu apoio incondicionalmente a luta dos Munduruku, da mesma maneira com que eles nos apoiaram na luta contra Belo Monte, luta que não abandonamos, que nunca abandonaremos. Mesmo se essa barragem e outras similares entrarem em atividade continuaremos a combatê-las até que sejam completamente desmontadas, exatamente como foi obtida pelos nossos irmãos indígenas Hoopa, Yurok, Karuk e Klamath, da Califórnia, nos estados-unidos, após 12 anos de luta, a demolição da usina hidrelétrica do rio Klamath que já estava terminada e funcionamento.
Nós, povos indígenas do Brasil, que temos tanto a dar ao mundo, nós estamos desaparecendo uns após os outros há 514 anos, sempre pela mesma razão. Nós fomos saqueados, massacrados, hoje os últimos de nós só querem viver em paz nas suas terras.
Aos meus irmãos Munduruku e a todos estes povos que lutam para sua sobrevivência e a dos rios Xingu, Tapajós, Teles Pires assim como de todos os outros rios ameaçados do planeta.
Cacique Raoni Metuktire, povo Kayapó, terra indigena Kapot-Jarina, Mato Grosso, Brasil, 14 de novembro de 2014

 

 
 

 

Via: http://odescortinardaamazonia.blogspot.com.br/2014/12/iii-carta-da-autodemarcacao-do.html

 

2 de dezembro de 2014


III CARTA DA AUTODEMARCAÇÃO DO TERRITÓRIO DAJE KAPAP EYPI



Aldeia Sawré Muybu, 28 de novembro de 2014
“Quando nós passamos onde porcos passaram, eu vi, eu tive uma visão deles passando. Eu tenho 30 anos. Quando eu era criança minha mãe me contou a história dos porcos. É por isso que devemos defender  nossa mãe terra.  As pessoas devem respeitar também. Todas as pessoas devem respeitar porque a história está viva ainda, estamos aqui, somos nós”, Orlando BorÔ Munduruku, aldeia Waro Apompu do Alto Tapajós.
Hoje, pela primeira vez durante a autodemarcação, chegamos ao local sagrado Daje Kapap Eypi, onde os porcos atravessaram levando o filho do Guerreiro Karasakaybu. Sentimos algo muito poderoso que envolveu todo nosso corpo.
Outra emoção forte que sentimos hoje foi ver nossa terra toda devastada pelo garimpo bem perto de onde os porcos passaram. Nosso santuário sagrado está sendo violado, destruído 50 pc’s (retroescavadeiras) em terra e 5 dragas no rio. Para cada escavadeira, 5 pobres homens, em um trabalho de semiescravidão, explorados de manhã até a noite por 4 donos estrangeiros.
Pirmeiro o governo federal acabou Sete Quedas, no Teles Pires, que foi destruído pela hidrelétrica, matando o espírito da cachoeira. E agora, com seu desrespeito em não publicar o nosso relatório, acaba também com Daje Kapap Eypi.
Sentimos o chamado. Nosso guerreiro, nosso Deus, nos chamou. Karosakaybu diz que devemos defender nosso território e nossa vida  do grande Daydo, o traidor, que tem nome: O governo Brasileiro e seus aliados que tentam de todas as formas nos acabar.
Nós estamos lutando pela nossa demarcação há muitos anos, sempre que a gente vai pra Brasília a FUNAI inventa mentiras e promessas pra nos acalmar. Sabemos que a Funai faz isso para  ganhar o tempo para construção da hidrelétrica do Tapajós, agora nós cansamos de esperar.
Sem chorar ou transformando as lágrimas em coragem, em Assembléia tomamos a seguinte decisão: A FUNAI tem três dias para publicar o nosso relatório e dar continuidade à demarcação, homologação e desintrusão da nossa terra.
Caso não sejamos atendidos, vamos dar continuidade ao trabalho da autodemarcação até o final. Por enquanto só estamos avisando os invasores que eles devem sair do nosso território, mas, se a Funai não fizer o que tem que ser feito, ou seja, publicar o nosso relatório e demarcar nossa terra, a mesma, com sua omissão, estará provocando um conflito com proporções inimagináveis entre Munduruku e invasores, que já é anunciado há muito tempo, com todas as denúncias de ameaças que estamos sofrendo.

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