Via Arão Providência:
Foto da RESISTENCIA INDÍGENA CONTINENTAL na Aldeia Noroeste em junho de 2011
Publicado em 17 de agosto por:
Brasília & Cidades
SETOR NOROESTE
Em pé de guerra contra a Terracap
Mesmo sem liminar, índios resistem e lutam pela área
17/08/2011 08h05
Leandro Cipriano
Índios dizem que vão resistir até a morte para proteger a reserva Santuário Sagrado
Índios dizem que vão resistir até a morte para proteger a reserva Santuário SagradoA reserva indígena Santuário Sagrado dos Pajés, localizada no Noroeste,foi invadida na manhã de ontem (16) por tratores das empresas Brasal e Emplavi, junto com representantes da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) e o 3° Batalhão da PM. Cerca de cinco hectares do cerrado foram destruídos devido a ação, considerada ilegal pelos indígenas, que vivem há décadas no local. De acordo com o pajé da tribo Tapuya/Fulni-ô, Santxie Tabuia, esta é a segunda tentativa de invasão na reserva. Os indígenas acreditam que novas ações aconteçam no local. “Não queremos atitudes como essa, feitas na surdina. Se ocorrer outra invasão, vamos resistir até morrer”, declarou Santxie.
O pajé afirmou que o motivo da invasão seria a queda da liminar que protegia a terra dos indígenas contra a ação das empresas imobiliárias do Noroeste. Há pouco mais de uma semana, a liminar foi derrubada na Justiça, o que em tese permitiria a Terracap agir na área reivindicada pela comunidade indígena. Mas segundo os representantes da tribo, a atuação da Terracap na delimitação das projeções imobiliárias não permite o uso de tratores e ou da polícia.
Entre 9h e 10h, quando saiam para trabalhar, os indígenas avistaram nove tratores, três caçambas e um ônibus com policiais militares entrando no terreno. “Não há documento algum que autorize eles a entrar com a força policial. Vieram com muita violência, mas eles não tinham nenhum mandato judicial, além de cometerem um crime ambiental”, apontou Santxie. Hectares de cerrado e árvores nativas como jacarandá, peroba e pés de pequi foram derrubados na ação. Apenas depois da presença da imprensa e do advogado da tribo é que os tratores e a força policial se retiraram da reserva.
Conforme informado por Tabuia, cerca de 29 famílias vivem atualmente no Santuário.“É um total desrespeito com a comunidade indígena, fiéis depositários do bem público”, afirmou o pajé, emocionado ao contar sobre seus ancestrais e a história de sua tribo no terreno. Simpatizantes a causa indígena também estiveram no local. “As empresas agiram com total truculência, com o consentimento da Terracap”, apontou Othon Henry Leonardos, coordenador de mestrado e professor de Desenvolvimento Sustentável e Povos Indígenas da Universidade de Brasília (UnB).
A assessoria de imprensa da Terracap informou que não houve desmatamento, apenas uma demarcação de terra. Garantiu elaborar um documento para explicar a ação de ontem. Até o fechamento desta edição, as assessorias da empresas Brasal e Emplavi não responderam ao Alô. O Ministério Público Federal (MPF) relatou que apresentará um recurso nos próximos dias ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) para que a liminar derrubada volte a entrar em vigor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário