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sábado, 9 de agosto de 2014

Voz Yanomami: Davi Kopenawa e a resistência ancestral





Fonte: Internet



  • Davi Kopenawa é uma das maiores lideranças indígenas do mundo
    Davi Kopenawa é uma das maiores lideranças indígenas do mundo
"Gostaria de deixar uma mensagem pro povo da cidade. Gostaria de falar um pouco sobre mim. Sou um yanomami que gosta de lutar, defender o meio ambiente. Os garimpeiros de Boa Vista ficaram com raiva de mim, estão me perseguindo e querem acabar com a luta do meu povo, com a nossa cultura tradicional. O homem da cidade gosta de matar índio, então queria dar essa mensagem para, quem ler, pensar sobre mim, falar com nosso governo para que ele não deixe acontecer de acabarem com as lideranças que lutam. Eles querem me matar porque não gostam que eu lute. Querem que deixe destruir a natureza, sujar o rio, crescer as doenças nas comunidades indígenas. Eles não gostam de índio que luta. Em 11 de junho passado, entraram na sede duas pessoas me procurando para me pegar, levar pra fora e me amarrar ou matar, mas consegui fugir e voltei para minha comunidade. Aqui eu não tenho segurança, eu mesmo me cuido, não saio na rua à noite. Sei que corro riscos". (...)
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Resenha do livro de Davi Kopenawa e Bruce Albert, ‘La Chute du Ciel: paroles d’un chaman yanomami’, por Mônica C. Lepri

Publicado em março 6, 2014
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https://www.youtube.com/watch?v=pgwvgV18xMM

Flip 2014 - Davi Kopenawa Yanomami e Claudia Andujar


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domingo, 3 de agosto de 2014

Davi Yanomami denuncia que está ameaçado de morte por garimpeiros

Via Dário Yawarioma:



   

Foto:  Ribamar Rocha
Davi Kopenawa diz que uma das ameaças que sofreu ocorreu no dia 11 de junho deste ano
RIBAMAR ROCHA
Editoria de Cidade
ribamar@folhabv.com.br
O líder Yanomami, Davi Kopenawa, denunciou ao delegado-adjunto da Polícia Federal (PF) em Roraima, Fernando Peres, que está sofrendo ameaças de morte. Um relatório cronológico foi protocolado na PF e entregue ao delgado durante audiência realizada na tarde de ontem na sede da PF. O relatório é assinado pelo diretor da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dario Vitorio Kopenawa Yanomami, e consta que as ameaças estariam partindo de pessoas que se sentiram prejudicadas com as operações de retiradas de garimpeiros na Terra Yanomami.
Segundo aponta o relatório, além de Davi, os diretores e funcionários da HAY estariam em clima de insegurança depois das ameaças de morte feitas por pessoas estranhas que estariam rondando a sede da organização.
A cronologia das ameaças relata que em maio deste ano o diretor da Hutukara, Armindo Góes, disse que estava em São Gabriel da Cachoeira-AM quando garimpeiros avisaram que "pessoas que tiveram prejuízo com as operações de combate ao garimpo na Terra Yanomami estavam buscando por Davi Kopenawa e que ele não chegaria vivo até o final do ano".
Como precaução, a Hutukara tomou medidas para aumentar a segurança na sua sede, em Boa Vista, e restringiu as atividades e a movimentação do seu presidente. No entanto, em junho deste ano, dois homens armados entraram na sede do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), em Boa Vista, procurando Davi e por funcionários.
"Após entrarem no escritório sacaram pistolas e anunciaram o assalto. Levaram todos os computadores, celulares e GPSs. Um dos criminosos foi preso e disse que o assalto havia sido encomendado por outro homem, em um garimpo em Tumeremo, na Venezuela", diz o relatório. "A partir daí, motoqueiros são vistos rondando a sede da Hutukara e perguntando por Davi", relata.
Em entrevista à Folha, ainda na Superintendência da Polícia Federal, Davi Kopenawa contou como foi a ameaça de morte que, segundo ele, sofreu em 11 de junho deste ano.     
"Nunca procurei a Policia Federal para essa tipo de problema, mas sofri ameaça de dois pistoleiros que foram atrás de mim na Associação Hutukara, mas não estava lá e eles perguntaram onde estava", afirmou. "Eles querem acabar comigo", frisou, embora não tenha falado nomes, apontou que seriam pessoas ligadas a garimpeiros e fazendeiros da região.
Segundo Davi, não haverá intimidação e que vai continuar a lutar por seu povo e pela terra Yanomami.
"Vamos continuar lutando e trabalhando pelo meu povo. Porque esse é o meu trabalho. Defender o povo e a terra yanomami. Não faço como os brancos que vão atrás de uma pessoa para acabar com ela. Não atrapalho o trabalho dele, mas ele está atrapalhando o trabalho nosso e nossa luta", disse.
Segundo ele, o motivo ao qual estaria sendo ameaçado se deve ao trabalho que vem desenvolvendo nos últimos anos, uma parceria da Hutukara com a Funai e a Polícia Federal no combate ao garimpo, fornecendo mapas dos locais, pontos geográficos de localização, prefixos de aeronaves, apelidos de pilotos e nomes de pessoas que financiam a atividade ilegal na Terra Yanomami. Esta ação resultou na operação Xawara, da Polícia Federal, em julho de 2012, que prendeu pilotos, donos de balsas e de joalherias.
Além da denúncia de ameaça de morte, Davi afirmou que pediu que a Polícia Federal continue a investigação da cadeia do ouro da Terra Yanomami, desde quem financia, quem compra, e o destino final e que produza provas necessárias à responsabilização penal e civil das pessoas que cometem estes crimes.
"Infelizmente, os financiadores da exploração mineral ilegal raramente são identificados e os garimpeiros presos são rapidamente soltos e retornam à atividade ilegal dentro da Terra Yanomami", disse.  

Caso será levado à presidência da Funai
O coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Yekuana, João Batista Catalano, acompanhou o encontro do líder Yanomami, Davi Kopenawa com o delegado da Polícia Federal e informou que a Hutukara Associação Yanomami encaminhou uma série de denúncias de ameaças contra o líder indígena e servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) e informou que, por se tratar de ameaça a um servidor da Funai, vai encaminhar o caso para conhecimento da presidência da fundação, em Brasília, para que possa garantir sua segurança.
"O Davi é servidor da Funai há mais de 32 anos e como servidor público ficamos preocupados com essa ameaça, pois não é o primeiro servidor da Funai que é ameaçado em Roraima", disse.
Ele creditou as ameaças sofridas por Davi Kopenawa às ações de repressão ao garimpo e a proteção territorial bastante intensa que estamos desenvolvendo e que o Davi tem papel fundamental nas articulações nos trabalhos realizados pela Frente de Proteção.  
Foto: Ribamar Rocha

João Catalano:  “O Davi é servidor da Funai há mais de 32 anos e como servidor público ficamos preocupados com essa ameaça”
"Ele [Davi] ficou bastante exposto com as ações que desenvolvemos e a Funai vai acompanhar essa denúncia e vamos encaminhar para a presidência da Funai, em Brasília, para que possa garantir a segurança do nosso servidor", afirmou.
Em relação ao que ficou definido na reunião com a Polícia Federal, ele disse que o delegado ficou de analisar as denúncias entregues e protocoladas na PF.
"Agora depende da Polícia Federal tomar suas providências de inquérito. De imediato prometeram analisar as denúncias e se fica caracterizado que é uma questão da competência deles, nós confiamos na Polícia Federal e temos certeza que irá desempenhar seu papel e dar uma resposta satisfatória para a Hutukara e para a comunidade indígena", frisou. (RR)