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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Resistência Terena em Buriti e crimes de lesa-humanidade contra Terenas


Luto!!!I Guerreiro Terena Oziel morre ao ser atingido pela Polícia Militar na reintegração de posse na Fazenda Buriti em Sidrolândia, outros três continua no hospital....
 

Este é Oziel Gabriel assassinado hoje por policiais na tentativa de reintegração de posse na Terra Indígena Buriti, em Mato Grosso do Sul. O tiro covarde que matou Oziel atingiu a parte interior de seu abdômen, transpassou o fígado e saiu pelas costas de Oziel. Oziel era estudante do Ensino Médio e pai de dois filhos, de 15 e 18 anos. A terra pela qual Oziel lutava está ocupada pela fazenda do truculento político/ruralista Ricardo Bacha ex-deputado estadual pelo PSDB e ex-candidato a governador. O Povo Terena exige as terras de volta e justiça pela morte de seu guerreiro Oziel.
 Neste momento segue o conflito na fazenda. Depois da morte de Oziel Gabriel a situação está fora de controle. A polícia usa arma de fogo contra paus e pedra.


Este é o filho de Oziel Gabriel de 35 anos ao saber da morte de seu pai, assassinado durante a operação de reintegração de posse da Fazenda Buriti em Sidrolândia. Oziel era da aldeia Córrego de Meio e estava acampado na fazenda desde o dia 15. Segundo amigos, ele era estudante do Ensino Médio e foi até a área para reforçar a luta pela retomada das terras.


No momento da expulsão, a Polícia Federal utilizava arma de fogo enquanto a Polícia Militar usava balas de borracha contra paus e pedras usadas pelos Terenas para se defender.
O clima no local continua tenso, após a confirmação do falecimento de Oziel as lideranças decidiram permanecer na terra a todo custo. Os nove caciques presentes convocaram suas comunidades que estão indo em centenas para reforçar a luta na fazenda. Os políciais recuaram na violência, mas pediram reforço para continuar a reintegração de posse.


“Tem gente das 12 aldeias aqui de Sidrolândia. Não vamos sair daqui porque agora queremos justiça por causa da morte do nosso guerreiro”, diz uma professora.

Foram gravadas muitas imagens que comprovam a extrema violência das Polícias Militar e Federal, no entanto muitos celulares e câmeras que continham foram aprendidos e quebrados. Além da violência, CENSURA!

... um morto, 17 presos e encaminhados à Polícia Federal de Campo Grande e dezenas de feridos, assim é a justiça para os povos indígenas

Agora pouco, o Jornal Nacional, o Ministro da Justiça Eduardo Cardoso e a Polícia Federal mentiram sobre conflito em Sidrolândia. Ninguém da imprensa foi feito refém, ao contrário: O câmera da tv Morena foi atingido com uma bala de borracha na testa pela Polícia. Diferente das mentiras ditas na TV GLOBO, o que houve foi um massacre, inclusive com armas de fogo. As imagens que chegam mostram a verdade. Ajudem nos a denunciar este massacre.

Quinze foram presos por desacato, mas qual policial foi preso por abuso de autoridade?

A luta continua! De volta a Terra Indígena Buriti.

Se políticos, fazendeiros e juízes negam com argumentos racistas, estudos históricos e antropológicos comprovam que a fazenda Buriti é na verdade a Terra Indígena Buriti roubada do povo Terena

"As retomadas são nosso último recurso para que as leis e nossos direitos sejam garantidos", afirma Lindomar Terena


Nós do Blog Resistência Indigena Continental condenamos veementemente o Estado Brasileiro em sua ação nas datas de 30 e 31 de maio de 2013 em Sindrolândia, Mato Grosso do Sul, Brasil, contra a Resistência Terena. E apoiamos os nove tuxauas Terena que estão a convocar o maior levante Terena da história !!! Justiça para o Povo Originário Terena já !!!



Carta Terena à sociedade: porque estamos retomando nosso território Buriti

Nós somos o povo Terena da Terra Indígena Buriti. Mais de 100 anos atrás, nós fomos expulsos daqui pela ambição do homem branco. Há 15 anos nós lutamos para retomar nosso território tradicional.

Nessa luta fomos novamente expulsos da nossa terra em muitas ocasiões. Agora querem nos expulsar mais uma vez. Escrevemos essa carta para explicar à sociedade porque estamos lutando pela nossa terra, porque retomamos nosso território.

Hoje, somos 5 mil pessoas confinadas em menos de meio hectare cada. Dos 17 mil hectares declarados como território tradicionalmente ocupado por nós Terena em 2010 pelo governo federal, temos a posse de apenas 3 mil. Os outros 14 mil hectares estão ocupados por 25 fazendas.

Nesta semana, nós retomamos a fazenda Buriti, a fazenda Cambará, a fazenda Santa Helena e a sede da fazenda Querência São José, abandonada há anos - todas incidentes sobre nosso território.

Nós retomamos essas terras porque elas são nossas e porque não temos terra para plantar.

Nosso povo planta muito. Nas nossas retomadas, temos 350 hectares plantados de mandioca, milho, batata, feijão de corda, cana, abóbora, melancia, eucalipto, maxixe e banana. É assim que vivemos e trabalhamos. Vocês conseguem imaginar como seria ficar mais de um século sem sua terra? É assim que nós estamos.

Todas as vitórias que conquistamos foram fruto da nossa luta, das nossas retomadas. Sabemos que não adianta ficar esperando pela boa vontade de um governo que cede a todas as pressões dos fazendeiros. Já ouvimos a resposta do governo federal às nossas reivindicações: Portaria 303, PEC 215, intervenção na Funai e orquestrações para paralisar processos de demarcação de terra.

Com apoio do governo, os fazendeiros estão se organizando cada vez mais. Enquanto escrevemos essa carta, muitos fazendeiros de todo Mato Grosso do Sul estão com suas caminhonetes forçando para entrar na ocupação. Jagunços e seguranças fortemente armados estão nos rondando e provocando. Se eles derramaram nosso sangue, a culpa é dos fazendeiros e do governo que não dá um basta nessa violência.

Dizemos aos fazendeiros e seus pistoleiros: também estamos organizados. Todos os povos do Mato Grosso do Sul estão juntos na mesma luta, e chamamos todos os patrícios e parentes para nos ajudar agora nesta luta pela vida. Por terra para todas as nossas crianças.

Queremos nossas terras livres e demarcadas. Vamos retomar nossas terras hectare por hectare. Já fomos baleados, presos, espancados e despejados muitas vezes. Mas aqui nós vamos ficar. Esta é nossa fala.

Terra Indígena Buriti, 17 de maio de 2013

VIDEOS


A violência de Policiais contra os Terena não é de hoje, a covardia em maio de 2010 tinha deixado mulheres, crianças e idosos feridos.

Filhos, mãe, irmãos ... Tristeza e revolta ... família de Oziel Terena exigindo justiça pela morte de seu parente

Sindrolândia e Belo Monte "ASSASSINATOS" contra nossas Nações continuam ...  http://www.youtube.com/watch?v=LTzk8xNtINA&feature=youtu.be

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Não às UHs de Belo Monte, Tapajós e Teles Pires (Carta no. 7: governo federal, nós voltamos)

Via: Campanha Munduruku



Nós somos indígenas Munduruku, Xipaya, Kayapó, Arara e Tupinambá. Nós vivemos do rio e da floresta e somos contra destruírem os dois. Vocês já nos conhecem,mas agora somos mais.

O seu governo disse que se nós saíssemos do canteiro, nós seríamos ouvidos. Nós saímos pacificamente – e evitamos que vocês passassem muita vergonha nos tirando à força daqui. Mesmo assim, nós não fomos atendidos. O governo não nos recebeu. Nós chamamos pelo ministro Gilberto Carvalho e ele não veio.

Esperar e chamar não servem para nada. Então nós ocupamos mais uma vez o seu canteiro de obras. Não queríamos estar de volta no seu deserto de buracos e concreto. Não temos nenhum prazer em sair das nossas casas nas nossas terras e pendurar redes nos seus prédios. Mas, como não vir? Se não viermos, nós vamos perder nossa terra.

Nós queremos a suspensão dos estudos e da construção das barragens que inundam os nossos territórios, que cortam a floresta no meio, que matam os peixes e espantam os animais, que abrem o rio e a terra para a mineração devoradora. Que trazem mais empresas, mais madeireiros, mais conflitos, mais prostituição, mais drogas, mais doenças, mais violência.

Nós exigimos sermos consultados previamente sobre essas construções, porque é um direito nosso garantido pela Constituição e por tratados internacionais. Isso não foi feito aqui em Belo Monte, não foi feito em Teles Pires e não está sendo feito no Tapajós. Não é possível que todos vocês vão continuar repetindo que nós indígenas fomos consultados. Todo mundo sabe que isso não é verdade.

A partir de agora o governo tem que parar de dizer mentiras em notas e entrevistas. E de nos tratar como crianças, ingênuas, tuteladas, irresponsáveis e manipuladas. Nós somos nós e o governo precisa lidar com isso. E não minta para a imprensa que estamos brigando com os trabalhadores: eles são solidários a nossa causa! Nós escrevemos uma carta para eles ontem!.Aqui no canteiro nós jogamos bola juntos todos os dias. Quando saímos da outra vez, uma trabalhadora a quem demos muitos colares e pulseiras nos disse: “eu vou sentir saudades”.

Nós temos o apoio de muitos parentes nessa luta. Temos o apoio dos indígenas de todo o Xingu. Temos o apoio dos Kayapó. Nós temos o apoio dos Tupinambá. Dos Guajajara. Dos Apinajé, dos Xerente, dos Krahô, Tapuia, Karajá-Xambioá, Krahô-Kanela, Avá-Canoero, Javaé, Kanela do Tocantins e Guarani. E a lista está crescendo. Temos o apoio de toda a sociedade nacional e internacional e isso também incomoda bastante a vocês, que estão sozinhos com seus financiadores de campanha e empresas interessadas em crateras e dinheiro.

Nós ocupamos de novo no seu canteiro – e quantas vezes será preciso fazer isso até que a sua própria lei seja cumprida? Quantos interditos proibitórios, multas e reintegrações de posse vão custar até que nós sejamos ouvidos? Quantas balas de borracha, bombas e sprays de pimenta vocês pretendem gastar até que vocês assumam que estão errados? Ou vocês vão assassinar de novo? Quantos índios mais vocês vão matar além de nosso parente Adenilson Munduruku, da aldeia Teles Pires, simplesmente porque não queremos barragem?

E não mande a Força Nacional para negociar por vocês. Venham vocês mesmos. Queremos que a Dilma venha falar conosco.

Canteiro de obras Belo Monte, Altamira, 27 de maio de 2013